Por Brena
Lacerda
Antes de qualquer comentário, preciso dizer que este é
um dos melhores livros que já li em toda a minha vida. Da narrativa à trama entre mirabolante e fantástica,
não posso dizer uma vírgula que comprometa a obra.
O personagem central, que não parece ter um nome,
conta a história com riqueza de detalhes e cinismos quase doentios. Para cada
personagem que descreve, carrega suas tintas contando sempre seu passado
sórdido, seus erros e desvios. Muito antes do meio da trama, você percebe: não
existe alma pura na cidade de Arroio dos Perdidos.
A estória acompanha o narrador em um curto espaço de
dias em que a cidade enlouquece após o misterioso (nem tão misterioso assim,
para nós, leitores) roubo da cruz da igreja. As pessoas realmente enlouquecem e
seus pecados as acertam no rosto, como uma toalha molhada. E o final
apocalíptico, entre o chocante e o cômico, surpreende pelos detalhes macabros e
cheios de valores invertidos.
Mas é por Isabel que me apaixonei. É a mulher por
quem o narrador perde todo o seu equilíbrio. E que ser humano não perderia o
equilíbrio por ela?
Um livro cuidadosamente tecido, em que nenhuma ponta
fica solta e que revela um incrível conhecimento, por parte do autor, da
extraordinária mente humana.
Em meu exemplar, um presente do autor, há pequeno
recado do mesmo, desejando que eu não me assustasse com seus personagens. A única
coisa que posso dizer a respeito deste comentário é que não se assustar é
realmente difícil. No entanto, não se encantar é impossível.
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